quarta-feira, 16 de abril de 2008

a besta fera

ela veio sem que eu percebesse e sentou-se ao meu lado, desde então está comigo comendo um pouco de tudo que como, vendo um pouco de tudo que vejo, com suas patas aquosas tocando tudo e dissolvendo. não me lembro quando chegou. às vezes fala comigo por sonho, e em sonho me emudeço. quando me calo por muito tempo ela me arranha o rosto e os olhos e adormece na minha barba, tranqüila. quando está furiosa, sinto cheiro de alecrim torrado e febre. põe a pata de seis dedos no meu peito quando dorme. segura meu coração com os dentes. a tudo devo uma desculpa a ela, não posso esquecê-la: sinto que se diverte quando esqueço que está por perto e espera, paciente. um dia dormirei mais pesado e ela me carregará nas costas cor de cobre e violeta.

4 comentários:

Anônimo disse...

diel, a besta "veve" mesmo? ou é pura poesia livre?
bjo!!!

Rodrigo Vieira disse...

....que se deixe carregar por ela, durante o tão esperado sono profundo ...

Lembamuxi disse...

gaion, não sei se vive. quem vive sou eu. acho que quando eu não viver ela também não. mas nos provoca e seduz até a morte.

rodrigo, se for noite muda e quietos os dois eu e a besta passarmos em sua rua
abra a porta..

Vinícius Mariano disse...

há que se relacionar. lidar. aceitar. gritar. calar.
pra um dia ela te permitir voar em seu lombo selvagem... ou tu no teu colo
:-)=

UEBAS!!!
QUE BOM!!!
ADOREI!
BEM-VINDO!!!
:D