terça-feira, 22 de abril de 2008

me esforcei tanto em ver a alma para fora do corpo que é impossível fotografar-me. e me vejo na foto dos outros pelas coisas: um açucareiro amarelo pintado com morangos vermelhos quando eu era muito criança, como uma desculpa para me fazer comer, xícaras azuis, uma toalha de mesa. e quando pedem que eu me mostre, preciso mostrar as coisas: um pano com flores roxas, pinturas sobre a mesa de madeira escura. enfim, alguém decidiu procurar-me e me encontrar. ligou-me e combinamos de nos vermos. procurando por mim, só pode ver: uma árvore se arrasta devagar com folhas que descem em longos braços, o vento de inverno que não é daqui, cheiro de azeite, um guizo, livros abandonados.

Nenhum comentário: