sábado, 27 de dezembro de 2008

meia-noite no palácio da besta

eles me trouxeram aqui. depois me deixaram de repente, todos pelo mesmo motivo fulminante. como fizeram para esperar isso que viria inevitavelmente? lembro-me do cheiro de alecrim de um. o outro pintava o rosto de azul. me trouxeram pelas mãos sem me conhecer, mas entre nós havia uma afetividade que há entre os que possuem a mesma ferida. e que dói de repente e nos torna inteiramente brancos. é noite (como não seria). não vejo seus rostos. beijam-me e se despedem. a terra é seca e coberta do pó do que disseram. já vão tão cedo? sim, tão cedo.

sábado, 13 de dezembro de 2008

romã

essa moça vem e me dá um grão de romã. passa os dedos nos meus olhos. eu fecho os olhos. diz uma coisa pra mim. lava meus pés na fonte. lava minhas mãos, passa azeite na minha testa e dedos. me põe brincos e anéis prateados. me cobre a cabeça. me dá leite para beber. tudo isso sei de olhos fechados. põe a mão no meu peito e diz que tudo está perdoado. e vamos embora.