segunda-feira, 2 de novembro de 2009

sonhei no dia de Finados que havia uma pessoa que matava pessoas furando-lhes os olhos, e então a despedaçava, amarrada e viva. tirava os olhos. a língua. o intestino. tirava tudo. e depois costurava tudo de volta.
vi ela fazendo isso duas vezes. na segunda, ele esqueceu alguma coisa, que nem eu nem ela sabemos o que é. e por esse erro, ela foi pega.

também sonhei que uma irmã de santo minha tinha sido julgada injustamente e mandada pra prisão. eu e meu pai, que depois virou outro irmão de santo meu, fomos até lá para salvá-la, enfrentando os policiais com sabres. nesse lugar havia testes nucleares, e de vez em quando havia um clarão. ao final, com meu sabre, depois de matar pessoas - que não sangravam - eu abri uma porta trancada numa cerca que dava para uma floresta pequena. nessa floresta, abri outra porta com cadeado, e saímos desse mundo e voltamos ao tempo de hoje, como se estivéssemos ao mesmo tempo em campinas e são paulo, e fomos levá-la para casa, ela no meu colo.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

esse sacrifício de hoje deve satisfazer o Destino por anos, muitos anos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

preciso me lembrar

domingo, 14 de junho de 2009

outro dia estava infeliz porque não sonhava mais. aí tive um sonho. que não contei para ninguém: comi inteiro. agora eu esqueci. mas ele foi só meu.

terça-feira, 14 de abril de 2009

querido nangue
com olhos negros e um guerreiro no peito

(me pergunto se é possível ser suave)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

sonhei que eu tinha um irmão maligno e que não possuía forma fixa: ele investigava, com espiões, o vilão de cinema que temíamos mais, e se transformava em algo parecido com ele. ele só tinha medo de mim, uma garota mais jovem do que sou e que tinha um amigo que me acompanhava.
era hora da janta - seis e meia - e eu chamei uma amiga de volta, disse que era tarde para sairmos para bandejar naquele horário, porque sabia que ele estava por perto. morávamos neste lugar que tinha uma grande escadaria de concreto que terminava em uma ponte de ferro que levava para o mundo, mas lá estava muito escuro, e havia janelas que podiam ser trancadas por toda a escadaria.
algumas pessoas que foram jantar foram alguns alunos meus
e eu retornando,
meu irmão decide atacar com sua gangue de monstros
me preocupo com meus alunos
tranco as janelas apontando para elas e dizendo: parafusos, se apertem. lock. lock. e eu testava se estavam bem presos dizendo: strong knock. e estavam. eu sabia que meu irmão não passaria pelas janelas.
teve um momento em que eu o vi. ele tinha várias formas.
às vezes acho que ele estava com um casaco preto, outras horas acho que não podia vê-lo, pois tinha mais medo de sua presença.
mas ele não me venceu. eu o afastei com magia e tranquei as portas, assegurei que a casa - escadaria estava bem protegida e olhava pelas janelas para saber se alguém tinha ficado para fora (parece que sim, mas não conseguia ver direito).
sabia que de manhã ele não atacaria ninguém
(ele tinha alguém morando dentro da torre, e eu descobria quem, que preenchia um programa online com os dados dos filmes que as pessoas viam, e o programa sugeririra um tipo de forma: mas acho que eu estava meio desperto)
e acho que me lembro de algo confuso: eu batalhei com ele, e o venci. ao mesmo tempo que eu havia matado e jogado-o no rio que víamos da janela da torre, ele estava presente. dentro da torre eu era mais poderoso/a que ele.
acordei.

quarta-feira, 8 de abril de 2009


(silenciosamente: uma concha seca.
dez pássaros mais um vão embora
alguém canta pra lá da parede
os móveis perdem o brilho
estava dormindo, então não vi)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

(penso: a terapia não pode me curar. posso fazer 40 anos disso e me tornaria, como todos que fazem, um auto-irônico.

as vezes desejo: um bálsamo que me curaria profundamente. eu o passaria sobre o peito e me acalmaria. até meu corpo esfriaria. haveria silêncio e vento por meia hora. )

quinta-feira, 26 de março de 2009

outro dia sonhei que alguém sonhava com um cavalo branco. outro dia não sonhei nada. tudo está exausto. mas a casa tem cheiro de maçãs.
não tenho sonhado. às vezes me lembro de estar andando num lugar iluminado. lembro de pessoas gritando comigo: tenho a sensação de que tentam falar todas rapidamente antes que o sonho acabe. falam todas juntas e aos berros, e isso deve durar uns dois segundos. esse é o sonho da noite toda. abro os olhos: tudo está do mesmo jeito. a orquídia dormindo. a samambaia dormindo. adormeço.

sábado, 7 de março de 2009

a história começou do mesmo jeito. quando ouvi aquele trecho, já sabia o que aconteceria. não li mais.

quinta-feira, 5 de março de 2009

orlando furioso

Nel profondo cieco mondo si precipiti la sorte già spietata a questo cor. Vincerà l’amor più forte con l’aita del valor.

nome

não quero dizer o nome da besta. não posso dizer mais nenhum nome.

domingo, 1 de março de 2009

parque

sonho que estou casado com uma enfermeira nos anos 50, nos estados unidos, mas moramos em poços de caldas que no sonho fica lá. ela tem a chave para o parque de diversões onde eu ia quando criança, com brinquedos de metal pintado em cores fortes. ela abre um portão baixo com um cadeado brilhante. lá dentro eu tinha esquecido os meus remédios, e antes que partamos em viagem eu preciso pegá-los. mas não posso entrar no parque, apenas ela. digo que preciso dos meus remédios e torço que esteja escuro demais para que ela leia os rótulos. ela, loira, de boina marrom e vestido marrom claro, vira-se e pega os remédios de cima de um brinquedo de girar. e coloca dentro de uma bolsa. e eu vou falando: falta mais um. falta mais um. ela não demonstra ter lido os rótulos. mas sorri, acho que por me ver tão constrangido. talvez ela já soubesse que tomo os remédios. desperto.

elevador

sonho que estou em treinamento para descer de elevador até o centro da Terra, com um pequeno grupo de magos. nós treinamos alguns truques para nos preparar contra o que encontraremos. a professora, nessa noite, nos convoca e faz a pergunta: que nós gostaríamos de conseguir fazer quando estivéssemos para fugir? eu não sei responder. uma colega minha diz o que eu gostaria de ter dito: ficar invisível. a professora, então, a escolhe como sua parceira para nos testar. nós teríamos algum tempo para nos preparar. começo a usar os truques que já sei para trancar as portas e janelas e baús da pequena casa onde estamos, e conforme o faço, a casa fica mais sombria e mofada. quando o tempo se esgota, a professora inicia o teste. a menina vira sobre a minha mão um pote cheio de pequenos insetos de casca dura, azul escuro como começo de noite. eu entro em pânico. raspo eles da minha mão, onde estavam simplesmente grudados, e eles caem no chão sem fazer barulho. temo que eles acordem e comecem a andar pelo meu corpo.

noite

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noite

tudo calmo. a ventoinha silencia. a luz apaga. as plantas crescem. a roupa seca. sonho com algo leve que não me lembrarei. os espíritos raivosos se movem, estilhaçando as lâmpadas. não me altero: compro novas na esquina e troco os abajoures, calmamente, enquanto canto.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

4

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enxaqueca

na cozinha: as flores estampadas sobem pela tábua de passar e aparecem nos panos de prato secando, nos aventais pendurados, nas roupas que escondem o microondas que virou suporte de grampos: em cima dele moram os potes de azeite vazios e cheios e as plantas que estão descansando e esperando a morte. o tanque está coberto pela porta do freezer que suporta outra flor. o fogão está imundo, uma frigideira suja de carne moída mora nele. o bálsamo está magro e alto. na pia, a louça do almoço se reveza, sempre atrasada, ao lado do filtro pequeno do qual não me desfaço nunca com seu filtro recém-trocado e sua estampa floral… ao lado, mora a tábua de cortar e amassar, o rodo para pia, o grill, o escorredor de pratos vazio. na sala: as flores subiram pela parede, roxas, só se movem com o vento quando o telefone toca, um incenso queimando numa mesinha que parece um altar mas é apenas uma mesa: moedas, óculos de aro grosso e preto, velas, um isqueiro branco. uma samambaia enorme e verde e um pouco seca. a cama coberta de um manto manchado. os fios elétricos e do computador à mostra.  a ventoinha do computador. a luz do aparelho de som. os carros na rua. de longe, as luzes tremem. as contas. as unhas. nem as flores descansam.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

tudo está calmo. o cometa finalmente caiu depois de passar muitas vezes por perto e os astrônomos sonharem com sua chegada. nessa noite, tiraram os chapéus e dormiram em cima das barbas, dos astrolábios, dos mapas, e nos mapas os centauros, os gêmeos, os peixes, um a um adormeceram em silêncio enquanto o sol nascia.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

a coruja cantou a noite em cima de uma árvore branca
e a vida recomeçou

domingo, 8 de fevereiro de 2009

(adormeço. sonho com um minotauro de olhos vendados. ele me abraça e me beija os olhos. quando vai embora, não consigo sair do labirinto. é noite. tento ouvir o som de um pássaro, mas o barulho de pessoas conversando não deixa que eu o encontre.)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

3

o espetáculo do amor dos outros. eles caem perto de mim em chamas. com um algodão seco suas feridas. daqui de onde estou não preciso me mover para conhecer: me dizem tudo. andam de olhos opacos. tenho um tipo de dureza dolorida. cansada. meio implorando por dissolver-me. e quando: por bondade serei derrotado. essa tensão se desfará. preciso dessa redenção e a procuro com estupidez. uma sutileza me interromperá a estupidez. uma flor imbecil. e incrivelmente leve. ficarei pasmo e histérico. com fé acredito que sim. nesse momento será preciso lembrar-se de tudo, esse é o nome de deus. serei bondoso com desconhecidos e íntegro até adormecer. me esquecerei porque não se pode lembrar do nome de deus. outro dia me dirá novamente. peço para que não se canse de repetir. não se canse. eu tentarei dizer também. a finalidade das coisas são as coisas. deve haver mais alguma coisa a se dizer. talvez eu tenha encontrado uma flor imbecil e por isso fico nervoso. e quero me lembrar de tudo. o tudo tem esse gosto de pano branco. é preciso não se esquecer.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ela me lava o cabelo com uma jarra de dentro da fonte. me dá de beber algo doce e licoroso com cheiro de mel e vinho. seca meus olhos com um pano sem cheiro. me dá de comer um grão de romã. diz que estou curado. com o dedo me aponta para onde tenho de ir. e pousa uma pena sobre os lábios.

primeiro mistério

sonho que possuo quatro olhos. um deles me diz que eu sei tão pouco sobre mim que tenho de observar meus sonhos em busca de mim. o outro me diz que a purificação foi escondida atrás das imagens e textos e não se pode encontrá-la por inteiro. o terceiro me diz que tudo o que vejo quer dizer outra coisa que me ensina como devo ser. o quarto é de fogo e vê o invisível porque tenho fé que ele exista, e ele não me deixa dormir.

sábado, 10 de janeiro de 2009

santo anjo do senhor meu zeloso guardador se a ti me confiou a piedade divina sempre me rege guarda governa ilumine amém com deus eu me deito com deus me levanto com a graça de deus e do divino espírito santo santa luzia passou por aqui com seu cavalinho comendo capim