sexta-feira, 26 de agosto de 2011

sonho como se não me interessasse. como uma peça que não me diz mais respeito, agora os sonhos se apresentam e eu os esqueço. sonho com pessoas que brigam, com palácios distantes, com vilas e deuses, e tudo isso me diz tão pouco que adormeço dentro do sonho, de onde é difícil de se levantar, porque passo por várias camadas de descanso, nas quais sou diferentes pessoas, até que a quentura do sol da manhã me chame o último, pelo nome, e me levanto.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

estou trancado nessa casa. estou exausto o tempo todo. descanso para que eu tenha um tipo de alívio e na hora que for dormir eu consiga fechar os olhos e dormir. quando não estou cansado, invento assombrações. elas rondam a casa e esperam que eu feche os olhos para vir em direção à minha cama para me: esfaquear, esganar, assustar só com sua presença de assombração. fico quieto e nem respiro muito porque quero ouví-las lá fora: assim, em elas existindo, posso ter essa fé imensa que irá movê-las para fora e haverá paz para que eu possa fazer o que quiser: nada. lá fora, as pessoas fazem coisas. amanhã, as coisas viram coisas duplas e talvez tenham espaço que fazem as coisas bonitas. escrevo porque quero voltar a esse estado no qual o nada é incrivelmente satisfatório.
sou lento em tudo. demoro o dia inteiro para lavar a louça e traduzir um texto. descendo de um deus que não vai lutar. eu já vi o mal: ele está nessa sonolência. minhas armas deveriam ser: a delicadeza a sabedoria a paciência.
estou cansado. escrevi isso com uma tinta difícil.