Mostrando postagens com marcador besta fera sono. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador besta fera sono. Mostrar todas as postagens

domingo, 1 de março de 2009

noite

tudo calmo. a ventoinha silencia. a luz apaga. as plantas crescem. a roupa seca. sonho com algo leve que não me lembrarei. os espíritos raivosos se movem, estilhaçando as lâmpadas. não me altero: compro novas na esquina e troco os abajoures, calmamente, enquanto canto.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

acordo com o nariz arranhado: a besta-fera me visitou
vi em meu rosto pela manhã
de noite, ela me beijou o rosto e foi embora

sozinho eu concordo com um diálogo que ninguém ouve: é claro, sim, tem razão. como faço sempre, com todos os diálogos. e fazendo sempre o mesmo recebo sempre os mesmos elogios: que sou interessante, que sou eloqüente, que conheço muitas coisas. ausento-me e os olhos deles me preenchem do que querem. me debato de noite. não lembro pela manhã se tive algum pesadelo. acho que sonharam por mim.

minha boca está cheia de aftas. a besta-fera com seus dentes me beija. roça o nariz e o rosto de tigre em mim. minha pele descama.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

a besta fera

ela veio sem que eu percebesse e sentou-se ao meu lado, desde então está comigo comendo um pouco de tudo que como, vendo um pouco de tudo que vejo, com suas patas aquosas tocando tudo e dissolvendo. não me lembro quando chegou. às vezes fala comigo por sonho, e em sonho me emudeço. quando me calo por muito tempo ela me arranha o rosto e os olhos e adormece na minha barba, tranqüila. quando está furiosa, sinto cheiro de alecrim torrado e febre. põe a pata de seis dedos no meu peito quando dorme. segura meu coração com os dentes. a tudo devo uma desculpa a ela, não posso esquecê-la: sinto que se diverte quando esqueço que está por perto e espera, paciente. um dia dormirei mais pesado e ela me carregará nas costas cor de cobre e violeta.